4.5 Demonstração de valor adicionado – DVA
A demonstração do valor adicionado – DVA – apresenta o resultado do exercício do ponto de vista da geração e distribuição de riquezas, cujos principais beneficiários são os empregados, o governo e a comunidade, os financiadores e os acionistas.
Dessa forma, a demonstração apresenta as receitas obtidas no período, deduzindo, em seguida, os insumos adquiridos de terceiros, para chegar ao valor adicionado bruto.
Essa cifra é, então, ajustada por alguns elementos, tais como despesa de depreciação, equivalência patrimonial, receitas financeiras, para chegarmos ao valor adicionado total a distribuir.

A parte final da DVA evidencia os beneficiários receptores da distribuição:
- pessoal e encargos;
- impostos e taxas;
- juros e aluguéis;
- dividendos;
- retenção de lucros.
Exemplo de DVA
A demonstração do valor adicionado do Supermercado Buono Market, extraída do relatório anual, com ligeiras aglutinações de contas, pode ser assim visualizada:
ano 2 | ano 1 | |
---|---|---|
valores em milhares de reais | ||
receita de vendas de mercadorias | 12.788.757 | 11.113.159 |
insumo adquirido de terceiros | ||
custo das mercadorias vendidas | (8.755.695) | (7.818.951) |
materiais, energia, serviços de 3° setor e outros | (916.379) | (773.995) |
valor adicionado bruto | 3.096.683 | 2.520.213 |
retenções | ||
depreciação e amortização | (454.374) | (413.617) |
valor adicionado líquido produzido pela entidade | 2.642.309 | 2.016.596 |
recebido em transferência | ||
equivalência patrimonial | (8.835) | (10.657) |
receitas financeiras | 575.258 | 438.788 |
valor adicionado total a distribuir | 3.208.732 | 2.535.027 |
distribuição do valor adicionado | ||
pessoal e encargos | (949.447) | (794.992) |
impostos, taxas e contribuições | (1.053.172) | (701.914) |
juros e aluguéis | (980.568) | (792.999) |
juros sobre capital próprio e dividendos | (54.792) | (59.441) |
retenção de lucros | 170.753 | 185.681 |

Na parte superior da DVA, depois de computada a receita e deduzido o insumo adquirido, constatamos que o valor adicionado bruto variou de R$ 2,52 a R$ 3,1 bilhões, ou seja, um crescimento de 23% no período.
Na parte inferior da demonstração, vemos que o valor adicionado total a distribuir evoluiu de R$ 2,54 bilhões para R$ 3,21 bilhões, correspondente a uma expansão significativa de 26,4% de um exercício para outro.
Podemos observar e refletir sobre como essa riqueza foi alocada entre os vários beneficiários. Para tanto, vamos construir uma tabela auxiliar, em bases porcentuais:
ano 2 | ano 1 | |
---|---|---|
valor adicionado total a distribuir | 100% | 100% |
distribuição do valor adicionado | ||
pessoal e encargos | 29,6 | 31,1 |
impostos, taxas e contribuições | 32,8 | 27,5 |
juros e aluguéis | 30,6 | 31,8 |
juros sobre capital próprio e dividendos | 1,7 | 2,3 |
retenção de lucros | 5,3 | 7,3 |

Do ponto de vista da distribuição do valor adicionado total, observamos que:
- aos empregados coube uma participação média de cerca de 30% em ambos os anos;
- no caso do governo, registrou-se um aumento superior a 5 pontos percentuais – de 27,5% para 32,8%;
- os juros e aluguéis absorveram, praticamente, a mesma parcela de 31%;
- os valores cabíveis aos acionistas, tanto na forma de lucros distribuídos quanto em lucros retidos, sofreram uma redução de 9,6% para 7,0%. do total a distribuir.
Atenção!
Repare que o governo foi o grande favorecido no ano 2, quando comparado com o ano 1, enquanto os acionistas foram os maiores prejudicados.
Reflita sobre isso!